Na manhã desta Quarta Feira (24/05) Thiago Coimbra enviou ao site RSena uma nota de esclarecimento onde pede desculpas a sua família pelo ocorrido.
Um dos lideres regionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o bocaiuvense Thiago Coimbra Silva, se envolveu em uma grande polemica o qual ganhou as redes sociais. Matéria vinculada no site G1 de responsabilidade da emissora “Inter TV” e publicada na última Segunda Feira (22/05) apontou que Thiago teria sido preso por porte ilegal de armas de fogo próximo a um acampamento em Capitão Eneas.
A polícia teria recebido uma denúncia informando que pessoas ligadas ao MST estavam se deslocando armadas em um carro de passeio. Militares fizeram várias abordagens na rodovia LMG-631, onde pararam o carro em que estava Thiago Coimbra. Durante as buscas teriam sido encontradas com Coimbra, duas armas de fogo sendo um revólver calibre .32 e uma espingarda de fabricação artesanal com uma munição calibre .16. Em depoimento a Policia, Thiago Coimbra afirmou que o revólver era dele, mas a espingarda teria sido encontrada em um barraco abandonado e ele estava deslocando para fazer a entrega voluntária junto ao quartel da PM.
Na manhã desta Quarta Feira (24/05) Thiago Coimbra enviou ao site RSena uma nota de esclarecimento onde pede desculpas a sua família pelo ocorrido, porem alega que foi preso lutando pelos seus ideias e pelos ideias das pessoas mais humildes da região. Coimbra também criticou o que ele chama de “perseguição da Policia e da mídia contra os movimentos sociais” e ainda afirmou que estava armado com o revólver para se proteger apos ter sido ameaçado. Acompanhe na íntegra a nota de esclarecimento do integrante do MST:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
Quero aqui através desta, pedir perdão a minha família, amigos e todos que de alguma forma eu fiz passar vergonha e humilhação com a minha prisão.
Não vou medir palavras para descrever e dizer o que aconteceu comigo.
Como diz o ditado “cachorro acuado morde”, e assim foi o que aconteceu.
Estava sendo ameaçado por algumas pessoas que são contrárias a luta pela terra, que são contra os pobres, negros, índios, quilombolas e excluídos da sociedade, pessoas que sequer tiveram a chance de estudar.
VERGONHA é roubar, matar sem porque, fraudar cofres públicos, estuprar, julgar sem saber, etc.
Não tenho VERGONHA de ter sido preso, ao contrário,tenho muito orgulho, por saber que fui preso lutando pelos menos favorecidos, por pessoas que vivem com quase nada, e mesmo assim são condenados por essa sociedade imbecil que fazermos partes.
São julgadas por aqueles que se dizem cristãos mas não praticam a caridade.
Esperei o momento certo para lançar essa nota, e nesta espera pude ver vários posts e comentários a meu respeito.
Quem me conhece sabe que não fujo a luta, e jamais abandonaria o barco.
Sei que não posso mudar o mundo, mas estou fazendo a minha parte, que é lutando com quem precisa.
Seria muito confortável eu ficar na minha casa com a minha família, e vendo outras pessoas sem ter o que comer, calçar, vestir…
Somos uma sociedade de hipócritas que condenam Trabalhadores Sem Terra, e aplaude Fazendeiros, grandes latifundiários, estes que nada produzem a não ser capim, desmatam nossas nascentes, secam nossos rios, empobrecem nosso solo, e dão lugar as máquinas, tirando da terra aqueles que a ela pertence.
A hortaliça que chega a nossa mesa não sai da terra do fazendeiro, mas sim do pequeno produtor, que com muito suor produz e ainda tem o espírito de compartilhar com outras pessoas.
Fui pego como troféu pela PMMG, e alguns destes de lata patente, queriam me ferrar a todo o momento, querendo me imputar coisas que não cometi. Ligações e mais ligações de todo o estado para saberem como estava o Sem Terra preso, chegando até a ligarem para a mídia.
Não tive a oportunidade de me defender perante a mídia golpista, que esta a favor do capitalismo, aqueles que pagam para terem suas propagandas veiculadas.
Não me procuraram, e não procurarão.
Agradeço aqueles que se preocuparão comigo, ligaram, fizeram suas preces e orações a meu favor, e estão ao meu lado, do lado dos pobres.
Aos outros, antes de me julgarem, me procurem que terei a decência de conversar.
Convido a todos para visitarem algum Acampamento ou assentamento do MST, e verão a realidade de perto, antes de criticarem.
Na cela a que fui conduzido, tive a oportunidade de ler uma frase que vou compartilhar com vcs.
” Quem conhece o frio de uma cela, da valor ao calor da liberdade”.
Calor da liberdade é ver todos bem, se alimentando de forma decente.
Liberdade é todos poder ter um pedaço de chão para produzir alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos.
Liberdade é poder ir e vir sem ter medo de ser abordado pela polícia pelo simples fato de ser Sem Terra.
Agradeço a atenção de todos, e aqueles que puderem compartilhar que o façam, é a oportunidade que terei de mostrar a todos quem eu sou, por quem eu luto.
Abraços de luta.”
A assessoria de comunicação do MST afirmou que a prisão do membro do acampamento foi um episódio isolado e que o MST sempre orientou seus militantes a não utilizarem armas de fogo.