Açougueiros de Bocaiuva não entendem por qual motivo as autoridades ambientais decidiram interditar o Matadouro Municipal somente agora em que o local recebeu inumeras melhorias e investimentos. Situação era crítica quando o abatedouro era de responsabilidade da Prefeitura Municipal e o local nunca foi interditado.
Já faz vários anos em que o assunto “Matadouro Municipal de Bocaiuva” vem rendendo intensos debates na sociedade bocaiuvense. O abatedouro, que antes era de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Bocaiuva, passou a ser comandado pelos Açougueiros da Cidade que preocupados e constrangidos com as péssimas condições de higiene do local, decidiram montar uma cooperativa para, com investimentos próprios, realizarem melhorias em sua infraestrutura. Em pouco tempo sob os cuidados dos Açougueiros, o Matadouro Municipal ganhou “cara” nova. A infraestrutura foi reformada, novas máquinas foram compradas, os funcionários passaram a trabalhar dentro das regras de segurança, um Médico Veterinário foi contratado para o trabalho em tempo integral, foi eliminado o mau cheiro que tanto incomodava os vizinhos, etc. O sucesso administrativo do Matadouro era tão evidente que praticamente foi erradicado o abate clandestino de bovinos nas fazendas da região. O estranho é que após cerca de meio século de existência e de intensas fiscalizações sobre um abatedouro entregue as péssimas condições de higiene, somente agora, depois que os açougueiros conseguiram tirar o Matadouro Municipal de uma condição de calamidade, é que os fiscais de Meio Ambiente decidiram interditar o local.
Com isso, a cerca de duas semanas, fazendeiros e açougueiros de Bocaiuva e região vivem um drama e travam uma verdadeira luta contra o tempo para convencer as autoridades do Judiciário local a intervir na questão para que o abate de bovinos no Matauro Municipal seja reestabelecido até que a Administração Municipal dê um parecer definitivo sobre a continuação ou não do novo abatedouro as margens da MG que liga Bocaiuva a Guaraciama e que teve a obra paralisada por supostas irregularidades. Segundo representantes dos açougueiros de Bocaiuva, a categoria já teria tentado um diálogo com o Ministério Público local por duas vezes na semana passada, porém, por incompatibilidade de agenda os mesmos não conseguiram serem atendidos. A categoria também compareceu na reunião da Câmara Municipal de Bocaiuva na última Segunda-Feira (06/08) para discutir o assunto com os Vereadores, porém saíram mais confusos do encontro.
O Vereador Bequinha, que foi Secretário Municipal na administração do Ex-Prefeito Ricardo Veloso (Quando foi dado início as obras do novo matadouro), disse que é possível, com algumas modificações, continuar a obra do novo abatedouro. Porém, do lado da situação, o Vereador Lélio Vieira, aliado da Prefeita Marisa Alves, disse que o projeto iniciado no mandato passado está condenado e que o novo matadouro deve começar a ser construído do zero.
Condenado ou não, o fato é que a discussão não agregou em nada para colocar fim a aflição dos açougueiros que, independentemente do novo matadouro, precisam urgentemente abrir as “porteiras” do atual para voltar a realizar o abate de animais até que a “novela” do novo abatedouro se resolva.
Em conversa com a redação do RSENA na manhã desta Terça-Feira (07/08), o Presidente da COOPERCANES, Richardison Coutinho (Xaxá), relatou grande preocupação com a situação que, segundo ele, trás um impacto negativo, não somente aos açougueiros, mas a toda a econômica da Cidade. Xaxá afirma que durante a gestão da Cooperativa dos Açougueiros, foram invertidos no Matadouro Municipal cerca de 150 Mil Reais em melhorias e mais 578 Mil em manutenção. Ele conta ainda que o matadouro atualmente tem 12 funcionários, (Com a interdição tiveram que entrar para o quadro de aviso de demissão) e que os impactos negativos com o fechamento do Matadouro afetam diretamente os mais de 600 empregos indiretos proporcionados pelo abatedouro envolvendo caminhoneiros de transporte, açougueiros, funcionários e produtores rurais, além da própria população que nos próximos dias, segundo ele, poderá ter que comprar um produto mais caro e de procedência duvidosa.
Ainda de acordo com o presidente da Cooperativa, existe um grande temor com a volta do abate clandestino, uma vez que nem todos levarão o gado para ser abatido em outras cidades. O mesmo disse que a categoria conseguiu agendar outra reunião com o Ministério Público local para esta Quinta-Feira (09/08). Os açougueiros estarão acompanhados por representantes da CDL e Câmara Municipal e serão recebidos pelo Promotor de Justiça Dr. Ilio Jéferson. A intenção, segundo Xaxá, seria a proposta de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para que o Matadouro seja reaberto com a condição de se estabelecer um prazo para que a cooperativa possa construir um novo abatedouro que atenda a todas as exigências sanitárias e ambientais.
” É muito estranho que com toda a fiscalização a época em que o Matadouro Municipal encontrava-se em situação precária, o local só veio a ser interditado agora depois que assumimos a responsabilidade e resolvemos inúmeras demandas de problemas. Esperamos contar com o apoio, entendimento e sensibilidade das nossas autoridades para reestabelecer o funcionamento do Matadouro até que o novo seja construído”. Disse Xaxá.